O estúdio de animação mais cobiçado e admirado do mundo teve suas origens no ano de 1979, na divisão de animação e efeitos especiais da Lucas Film, empresa fundada pelo aclamado diretor George Lucas (de filmes como Guerra nas Estrelas e Indiana Jones). A história começou a mudar em 1984 quando John Lasseter deixou seu emprego de animador na Disney, para se unir ao grupo de animadores e efeitos especiais da Lucas Film. No dia 3 de fevereiro de 1986, Steve Jobs, dono e fundador da Apple, comprou a divisão de computação gráfica da Lucas Film (conhecida então como Industrial Light Magic) por US$ 10 milhões, e fundou a PIXAR ANIMATION STUDIOS, juntamente com John Lasseter, o engenheiro Alvy Ray Smith e o matemático Ed Catmull, um talentoso especialista em computação gráfica, injetando novo ânimo e mais dinheiro na empresa que andava meio combalida. O novo nome do estúdio é uma combinação das palavras “pixels” e “art”, que é justamente o que pretende a animação, fazer arte através de pixels, unidades elementares da imagem gráfica. Inicialmente a especialidade era a criação de hardware específico para computação gráfica, como o Pixar Image Computer. Para incentivar as vendas do produto, John Lassetter passou a criar pequenas animações e demonstrar como era eficiente o produto através do material apresentado. O passou seguinte foi produzir curtas-metragens e comerciais de televisão para marcas famosas como Tropicana, Trident, Life Savers, Listerine, Volkswagen, California Lottery e Pillsbury, além de ser a responsável pela criação dos novos logotipos da IBM e da Paramount.

Depois
de anos produzindo curta-metragem como Red’s
Dream,
que inovou ao apresentar cenas noturnas, até então raras no mundo
da animação digital; Tin
Toy,
primeiro filme com as expressões animadas digitalmente que mostrava
a aventura de um pequeno brinquedo para fugir de um bebê, e que foi
responsável por colocar o então pequeno estúdio no radar dos
grandes conglomerados de mídia; Knick
Knack,
cuja história se passa no alto de uma estante, quando vários
enfeites de mesa começam a dar uma festa dançando, cantando e se
divertindo, exceto um mal-humorado boneco de neve que vive preso em
um globo de cristal; além de comerciais animados, a empresa decidiu
produzir seu primeiro longa-metragem, mostrando a vontade de Steve
Jobs em inovar. Exatamente quando Toy Story, primeiro desenho animado
feito totalmente em computação gráfica, estava para ser lançado
em 1995, a parceria com a Disney virou realidade, apesar do contrato
em vigência desde 1991. Nesse contrato, de 10 anos ou cinco filmes,
na qual as duas empresas dividiriam os custos de produção e lucros,
a Disney receberia 12.5% dos dividendos e os direitos dos filmes,
além de cuidar da distribuição mundial.
Em
uma década, a lista de sucessos da bem sucedida parceria
impressionava: cinco filmes que renderam aproximadamente US$ 4
bilhões em bilheterias nos cinemas de todo o planeta e exatas duas
dezenas de estatuetas do Oscar. Nesta altura, o peixinho Nemo e o
astronauta intergaláctico Buzz Lightyear exerciam o mesmo encanto
que transformou Mickey, Pateta e Peter Pan em ídolos das gerações
anteriores. Com o final iminente de sua parceria com a PIXAR, em
janeiro de 2006, a Disney comprou o estúdio de animação por US$
7.4 bilhões e entregou o cargo de principal executivo de criação
de todo o grupo para o talentoso John Lasseter. Enquanto isso, Steve
Jobs tornou-se o maior acionista minoritário da Walt Disney Company:
exatos 7%. A concretização do negócio tornou a PIXAR a joia da
coroa do império iniciado por Walt Disney na década de 1920.
Desde
sua fundação a PIXAR foi responsável por muitas descobertas
importantes na aplicação de computação gráfica na produção de
filmes desenvolvendo três softwares amplamente utilizados para a
produção de animações e efeitos especiais em geral: Marionette
(software responsável pela animação, modelagem e iluminação de
cenas 3D), RingMaster
(software de gerenciamento de projetos de animação) e RenderMan
11
(software para renderização para geração de imagens de realismo
fotográfico de alta qualidade, utilizado pela própria empresa e
comercializado através de licenças para outros estúdios).
Recentemente, em 20 de abril de 2010, a PIXAR inaugurou uma nova
unidade do estúdio no Canadá, mais precisamente na cidade de
Vancouver. Essa foi a primeira unidade da PIXAR fora dos Estados
Unidos, onde os animadores criam novos curtas de animação de
aproximadamente 3 à 5 minutos com os principais personagens dos
longas-metragens, como os já conhecidos “Cars Toon“, exibidos no
Disney Channel.

A
Trajetória dos Filmes
1995

1998
A
BUG’s LIFE
(Vida
de Inseto). Segunda animação lançada comercialmente pela PIXAR em
parceria com a Disney, o filme que estreou oficialmente no dia 25 de
novembro se passa no mundo dos insetos, onde as formigas são
manipuladas pelos gafanhotos, que todos os anos exigem uma quantia de
comida. Se as formigas não cumprirem essa exigência, os gafanhotos
ameaçam atacar o formigueiro. Mas, em certo ano, houve um problema
com a “oferenda”. É quando FLIK, uma formiga azul cansada de ser
oprimida e protagonista do filme, sai em busca de outros insetos
dispostos a ajudar o formigueiro a combater os terríveis gafanhotos.
O filme
arrecadou
US$ 363.3 milhões
em
bilheteria.
1999
TOY
STORY 2.
O filme, uma continuação do primeiro, começa quando Andy vai para
um acampamento de verão. Enquanto isso, seus brinquedos o esperam em
sua casa. Mas, Woody, o boneco caubói (e um dos brinquedos
preferidos do menino), acaba sendo roubado por um colecionador de
bonecos chamado Al. Os outros brinquedos entram em pânico e,
liderados pelo astronauta intergaláctico Buzz Lightyear, planejam
uma estratégia para resgatar o amigo daquele ladrão. Enquanto isso,
já na casa de Al, Woody conhece a cowgirl Jessie, o cavalo Bala no
Alvo e o Mineiro, e descobre que é um raríssimo boneco de uma série
de televisão dos anos 60 e que será vendido, junto com os novos
amigos, para um museu no Japão. Diante da nova situação, ele terá
que decidir entre ficar com o menino Andy e fazer parte da vida de
uma criança ou ir para o museu e ficar para sempre sendo observado
por visitantes. O filme que estreou nos cinemas no dia 24 de novembro
faturou
mais de US$ 485 milhões
em bilheteria e se transformou em outro grande sucesso.
2001

2003
FINDING
NEMO
(Procurando Nemo). Primeiro filme dos estúdios PIXAR a ser lançado
durante o verão nos Estados Unidos, conta a história de Marlin, um
peixe-palhaço que perde quase toda a família durante o ataque de um
predador (uma barracuda), e assim, torna-se um pai super protetor de
seu único filho, Nemo. O problema é que tanta proteção acaba
envergonhando o peixinho na frente dos colegas, e para provar ao pai
que pode se virar sozinho ele resolve nadar em mar aberto, quando é
capturado por um mergulhador, e levado para a cidade de Sydney na
Austrália. Decidido a encontrá-lo o pai nada pela imensidão do
oceano, enfrentando todo tipo de perigo ao lado de Dory, um peixinho
(fêmea) muito simpático, mas com um grave problema de perda de
memória recente. Nesta deliciosa aventura no fundo do mar, todos os
tipos de criaturas marinhas dão o ar da graça. Peixes de todas as
espécies, cavalos-marinhos, tubarões, águas-vivas, tartarugas,
baleias, entre outros seres aquáticos. Todo o colorido da fauna e
flora subaquática contagia a tela do cinema e seduz o espectador. A
trama, então, se divide: parte do filme acompanha a viagem de Marlin
mar afora e outra parte mostra a nova vida de Nemo aprisionado em um
aquário em Sydney com seus novos amigos. Para criar detalhes tão
perfeitos, vários artistas mergulharam por muito tempo para ver como
realmente era o fundo do mar e poder recriá-lo com precisão.
Tornou-se o filme animado de maior sucesso da história do cinema na
época e um verdadeiro fenômeno, que
arrecadou
US$
921.6 milhões
em bilheteria no mundo inteiro, além de vender mais de 25 milhões
de DVDs. Tudo isso com um custo de apenas US$ 94 milhões para sua
produção. O filme venceu o Oscar de Melhor Animação, além de ser
indicado aos prêmios de Melhor Trilha Sonora Original, Melhor Edição
de Som e Melhor Roteiro Original.
2004

2006

2007

2008

2009

2010

2011
CARS
2
(Carros 2): O filme estreou no dia 24 de junho nos Estados Unidos
como a seqüência do famoso Carros. Na animação, Relâmpago
McQueen e Mate viajam pela Ásia e pela Europa para a Corrida dos
Campeões, que se passa em vários países e envolve campeões de
modalidades distintas, como por exemplo, a Fórmula 1 e os ralis. Mas
eles nem desconfiam que uma intriga de espionagem está se
desenrolando nos bastidores. A seqüência do filme original expande
os horizontes e transforma a ação digna de um filme de James Bond,
com cenas em Tóquio, Paris, Londres e, claro, na terra natal dos
personagens, Radiator Springs, no interior dos Estados Unidos, onde
Mate, com seu jeito simples e ingênuo, vive de guinchar carros
quebrados e exibir suas ferrugens e batidas, que são as lembranças
de momentos alegres de sua vida. O filme arrecadou
aproximadamente US$ 560 milhões
em bilheteria no mundo inteiro.
2012
BRAVE
(Valente): O filme que estreou no dia 22 de junho nos cinemas
americanos em 3D, conta a história de Merida, uma princesa rebelde
de cabelos vermelhos que foi criada por sua mãe para ser a sucessora
do reino. Porém, a jovem, uma princesa bem diferente das frágeis
figuras apresentadas em outros contos de fadas, é contra as
tradições e costumes do reino e se recusa a ficar dentro do
castelo, aprendendo tarefas femininas para se tornar apenas mais uma
esposa para o filho de algum lorde. Ela sonha com a liberdade e
desafia até seus pais para conquistá-la. Porém, a habilidosa
arqueira não poderia imaginar que suas ações poderiam desencadear
graves acontecimentos para o reino, causando caos e fúria. A equipe
de criação viajou várias vezes para a Escócia a procura de
paisagens, tipos físicos, castelos medievais e tecidos que pudessem
dar mais realismo à animação. Além de levar aos cinemas uma lenda
celta da Escócia Medieval, a animação marcou a estreia de uma
protagonista feminina nas animações da PIXAR. O filme arrecadou
aproximadamente US$ 555 milhões
em bilheteria no mundo inteiro.
2013
MONSTERS
UNIVERSITY
(Universidade Monstros): Com estreia em 21 de junho, o novo filme da
PIXAR se passa aproximadamente dez anos antes de Monsters, Inc.,
quando Mike Wazowski e James P. Sullivan estão na universidade.
Entre eles, diferente do primeiro filme em que são amigos, há uma
rivalidade e eles são inimigos. O filme mostra os desafios
enfrentados pela dupla na Universidade, e como começou a amizade,
apesar de serem rivais na época. É na universidade que os dois
começam a projetar a empresa dos sonhos: Monsters, Inc. (a maior
empresa com profissionais de sustos de mundo).
A
Empresa

As
instalações da sede da PIXAR ANIMATION STUDIOS, uma antiga fábrica
de processamento de frutas, transformada em um moderníssimo estúdio
com mais de 20.000m², localizado em Emeryville, um calmo subúrbio
entre as cidades de San Francisco e Oakland na Califórnia, foram
inauguradas em novembro de 2000 ao custo de US$ 88 milhões, para que
mais de 800 dos
melhores animadores e técnicos da indústria trabalhassem em 3 mil
computadores. A “fábrica” (The
Factory),
como é chamada a sede do estúdio, não se esconde: tem um ostensivo
letreiro na entrada onde se pode ler PIXAR ANIMATION STUDIOS. E,
dentro de seus portões, impressionam os jardins e o campo de
futebol. O imenso edifício-sede, de dois andares, é construído com
madeira e tijolos. Surpresa para quem espera a frieza do alumínio e
do aço, arquitetura habitual das empresas de tecnologia. Existe um
conceito forte em cada tijolo daquele edifício: Have
Fun. Divirta-se.
Trabalhe quando e como quiser.
Logo
na recepção, em “tamanho real”, a simpática dupla de
monstrengos Sulley e Mike, do filme Monstros S.A., e Guido e
Relâmpago McQueen, da animação Carros, recebem os visitantes. Nas
paredes, pôsteres em várias línguas e enormes telas reproduzindo
cenas do filme Ratatouille. A decoração é totalmente influenciada
pelos filmes. Uma sala de reuniões tem como tema o astral inspirado
na lendária Rota 66, do filme Carros. Patinetes podem ser vistos por
todos os lados. Passada a recepção, está situado um pátio com
teto de vidro iluminado pela luz natural do sol. Nas paredes,
cartazes dos filmes produzidos em japonês, italiano, alemão. Provas
do sucesso global que as animações alcançam em todas as culturas.
Artistas e técnicos cruzam o grande espaço com seus patinetes ou
skates. São todos jovens, vestem camisas havaianas ou camisetas,
bermudas e tênis ou sandálias. Descontração total. A grande
atração desse pátio de entrada é uma passarela. Lá acontecem
disputadíssimos concursos de aviões de papel. O segundo andar é
dividido em duas metades: técnicos de um lado, artistas do outro.
Ironicamente, a metade técnica parece ser mais divertida e anárquica
do que a artística. É lá que o presidente, John Lasseter, dá suas
festas às terças-feiras. Ali também está o terraço com vista
para os gramados, onde Steve Jobs marcava suas reuniões.
Os
objetos expostos no corredor dos técnicos estão relacionados aos
filmes já realizados. Modelos em gesso, esboços, maquetes. Ali está
uma lembrança de que mesmo a mais avançada das tecnologias ainda
começa seu processo de definição com papel, lápis, tinta e mão
na massa. Cada técnico tem sua sala, e não existe uma que seja
igual à outra. Todos os funcionários do estúdio, sem exceção,
comungam do espírito enriquecedor do lugar. Cada funcionário tem o
direito de fazer o que quiser com seu espaço de trabalho. Paredes
coloridas, lava lamps (aquele abajur psicodélico), ukeleles (tipo de
cavaquinho havaiano), brinquedos e os mais variados bonecos estão
espalhados pelas mesas de trabalho. Decorar a sala como se fosse uma
cabana do velho oeste? Uma vila mexicana? Nas ilhas do Pacífico com
autênticas máscaras da Polinésia? Eles dão o maior apoio. Entre
uma sala e outra existe sempre algum tipo de diversão. Uma sala, uma
mesa de xadrez, outra sala, um piano, mais um par de escritórios, um
videogame, alvos para dardos, um fliperama. A cada 20 metros, uma
mini cafeteria com sua máquina de espresso. Em uma esquina do andar
está cuidadosamente exposta a coleção vistosa de Oscar, Clio,
Anima Mundi e outros prêmios internacionais que o estúdio já
ganhou em cinema e publicidade. Por trás dos troféus, desenhos
feitos por crianças de vários países com os personagens criados
pela PIXAR. Em uma das salas do estúdio está um item
tecnologicamente impressionante: uma impressora capaz de imprimir
modelos tridimensionais. Ou seja, é só mandar imprimir e o
resultado vai ser uma estátua física e colorida do personagem ou
elemento em questão.

O
Gênio por trás da marca

Em
janeiro de 2006, depois de anos assolada por uma crise criativa que a
tornou perigosamente dependente das produções da parceira com a
PIXAR para fechar seus balanços, a Disney achou uma forma de
resolver o problema: comprou sua galinha dos ovos de ouro. Foi então
que ele assumiu o comando da área de animação da Disney, além de
continuar dando as cartas na PIXAR, se tornando um dos gênios mais
poderosos e influentes de Hollywood. Quatro décadas depois da morte
do fundador Walt Disney, surgia um profissional de criação tão
visionário. Por isso muitos passaram a acreditar que ele preencheria
o vazio criativo deixado pelo idealizador de Mickey Mouse e Pato
Donald. A primeira visita dele aos estúdios da Disney após a compra
da PIXAR foi um exemplo disso. Aplaudindo-o efusivamente uma multidão
de artistas da equipe foi recebê-lo, o que comprovava o prestígio
que desfruta entre seus pares. A atuação de John pós-aquisição
deu resultados quase imediatos. O lucro da divisão de filmes do
grupo Disney subiu 64% entre 2006 e 2007, enquanto o dos parques, que
incorporaram personagens da PIXAR, cresceu 11%. Ele é uma figura que
não faria feio como personagem de seus filmes. Bonachão, não
abdica por nada de suas extravagantes camisas havaianas coloridas e
jeans, e seus olhos brilham diante dos brinquedos inspirados em seus
filmes. “Não
raro, me pego conversando com eles”,
diz. A própria PIXAR, aliás, foi moldada à imagem e semelhança de
seu líder. Em 2011, ele alcançou o reconhecimento máximo ganhando
uma estrela na calçada da fama na Hollywood Boulevard por sua
contribuição para o cinema. Nada mais justo para um verdadeiro
gênio.
A
Marca
Ao
longo dos anos a identidade visual da PIXAR passou por algumas
modificações. Desde o logo original (que continha um quadrado
azul), passando pelo que tinha como símbolo a mascote da marca (uma
simpática luminária) até o atual, o logotipo foi se tornando mais
limpo e simples.
Os
filmes do estúdio de animação, que empregam mais de 1.250 pessoas,
são distribuídos em mais de 120 países utilizando toda a gigante
estrutura do Grupo Disney. Além da arrecadação de bilheteria, o
estúdio fatura alto com o licenciamento de produtos dos mais
variados, como por exemplo, jogos de computadores e videogames,
roupas, brinquedos, relógios, objetos de decoração, etc.