quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Lamborghini

 Tudo começou por causa de uma resposta grosseira e malcriada. O fabricante de tratores agrícolas, ar condicionado e calefação, Ferruccio Lamborghini tinha uma Ferrari 250 GT que sofria de problemas crônicos de embreagem. Um dia, reclamou do defeito diretamente com o comendador Enzo Ferrari e foi destratado. “Você não entende nada de carros. Vá dirigir tratores!” teria respondido grosseiramente o fundador da Ferrari. Sentindo-se ofendido ele respondeu: “Eu criarei uma marca melhor que a sua!”. Ferruccio não se deu por vencido. Conta a história que ele consertou a Ferrari de uma vez por todas, usando uma embreagem de trator. Mais do que isso: resolveu fabricar automóveis superesportivos que não descem dores de cabeça e fossem mais dóceis com seus proprietários. Foi então que fundou, no dia 30 de outubro de 1963, a FERRUCCIO LAMBORGHINI AUTOMOBILI. Para sua vingança estar completa, montou sua nova empresa na cidade de Sant’Agata Bolognese, localizada à apenas 17 quilômetros de Modena, sede da montadora Ferrari, e próximo a Bolonha, sede da tradicional Maserati.
O primeiro protótipo da nova montadora foi o 350 GTV (Gran Turismo Veloce), que tinha um motor V12 de 3.5 litros e 360 cv, alcançando 280 km/h, acelerando de 0 a 100 km/h em apenas 6.7 segundos, que fez sua estréia no Salão do Automóvel de Turim. No ano seguinte, o modelo de produção, batizado de 350GT, foi revelado no Salão de Genebra. O carro vinha equipado com um motor V12 de 280 cv de potência, com suspensão independente, câmbio de 5 marchas e freios a disco. Em 1965 a fábrica construía um interessante chassi, chamado de P400 que fez muito sucesso no Salão de Turim do mesmo ano. No inverno, Ferruccio encomendou a Bertone uma carroceria para o modelo. Nascia um dos mais belos automóveis esportivos feitos por este estúdio em todos os tempos: o MIURA P400, desenhado por Marcello Gandini. Miura era uma raça de touro, uma das grandes paixões do fundador da empresa, que lançou muitos automóveis com nomes de raças. A fama da LAMBORGHINI como fabricante de carros espetaculares começava a crescer e conquistar admiradores.Em 1968, o modelo ISLERO 400GT, foi apresentado no Salão de Genebra, com chassi de alumínio, um motor V12 de 320 cv, suspensão independente e freios a disco. O visual surpreendente do modelo Espada (primeiro carro da montadora com capacidade para quatro pessoas) foi outra novidade do mercado apresentada pela LAMBORGHINI. Era baseado no protótipo Marzal do estúdio Bertone e combinava a aparência, desempenho e dirigibilidade de um esportivo com o conforto e luxo de uma perua. O Espada foi um dos carros mais bem sucedidos da LAMBORGHINI. Nos anos 70, o futuro era incerto para a LAMBORGHINI. Sua divisão de tratores fora vendida a Fiat, e ao mesmo tempo, o mercado de automóveis superesportivos andava em baixa por causa das constantes crises do petróleo. Falida a empresa foi entregue a um grupo de investidores suíços, e Ferruccio viveu o resto de seus dias longe de problemas, em uma bela propriedade rural. Ele morreu aos 76 anos de idade em 1993. O modelo Countach, de 1974, foi a última criação da marca sob o domínio de Ferruccio.

No ano de 1977, a montadora desbravava novos caminhos com o lançamento do Cheetah, modelo off-road (fora de estrada) que entrou no mercado dos veículos militares. Quatro anos depois, o LM001, sucessor do Cheetah, começou a ser produzido. Os suíços que passaram a administrar a montadora italiana não demoraram a revender a empresa para o grupo americano Chrysler. A montadora começou então a preparar um motor para equipar carros de Fórmula 1. A estréia nesta competição automobilística ocorreu em 1989, mas nunca alcançou o sucesso esperado.E foi neste tempo que nasceu o superesportivo DIABLO, no ano de 1990. Com um design surpreendente, o superesportivo, mais uma vez, vinha equipado com o motor 4.0 litros V12, chassi tubular, portas que abriam para cima (conhecidas como portas gaivota) e 375 cv de potência. Apesar do sucesso do novo modelo, a Chrysler também começou a viver dificuldades financeiras e, mais uma vez, a LAMBORGHINI teve que ser passada adiante, agora para um grupo da Indonésia, que no fim dos anos 90, se viu em meio a uma grave crise. Novamente parecia que o fim seria inevitável da marca italiana. Aí, aconteceu uma surpresa: a Audi (que atualmente pertence a Volkswagen) comprou a LAMBORGHINI em 1998 e salvou a montadora italiana da falência.


Inicialmente a montadora alemã seguiu produzindo e vendendo o Diablo, mas fazia tempo que a marca não lançava um novo automóvel. No salão de Frankfurt de 2001, exatos 11 anos após a apresentação, o inesquecível modelo Diablo, enfim, ganhou um sucessor: o superesportivo Murciélago. A palavra significa “morcego” em espanhol, mas não tem nada a ver com mamíferos voadores. Murciélago era o nome de um touro tão nobre que, em 1879, foi poupado em uma tourada e transformado em reprodutor. Nos anos seguintes a montadora italiana lançou modelos exclusivos como o Gallardo, o Reventón, e mais recentemente o Aventador, e continua criando superesportivos cobiçados por muitos, mas produzidos para poucos que podem pagar milhões de dólares por suas máquinas indomáveis.
O museu
Inaugurado em 2001, o MUSEU LAMBORGHINI é um espaço que se destina a preservar as preciosidades da marca italiana que nasceu para desafiar a Ferrari. Construído depois que a marca de superesportivos foi adquirida pela Audi, o museu fica localizado ao lado da fábrica, na pitoresca cidadezinha italiana, ou comune, como eles as chamam, de Sant’Agata Bolognese, na província de Bolonha, perto da mítica cidade de Modena, onde fica outra fabricante das mais famosas, a Ferrari. Uma curiosidade: esse pequeno triângulo entre Modena e Bologna é batizado de “Terra dei motori” (Terra de motores).No primeiro piso do museu pode-se encontrar exatamente o primeiro modelo que a empresa criou: o 350 GT. Fabricado entre os anos de 1964 à 1966, esta berlinetta para duas pessoas (2+1, na verdade, mas o espaço para o terceiro passageiro era praticamente inexistente) teve apenas 135 unidades produzidas. Outra jóia da coleção é o 400 GT 2+2, produzido de 1966 a 1968. Com um total de 250 unidades que deixaram a fábrica da montadora italiana, esse belo automóvel, também equipado com um motor V12, mas com 316 cv, conseguia chegar à velocidade máxima de 250 km/h. No mesmo piso também se encontram outros automóveis que marcaram a história da LAMBORGHINI, esses instaurando a tradição de usar os nomes de touros valorosos, conhecidos nas arenas de tourada por sua valentia.
A parte superior do museu é ocupada pelos carros mais recentes da marca, como o GT2 e o Diablo (um dos quais está até pendurado na parede), com seus protótipos, mockups e desenhos originais. Nessa parte é possível apreciar as versões GT, GTR e 6.0 SE, todas já com o dedo da Audi, que resolveu de uma vez por todas os tais problemas de qualidade e confiabilidade que a marca enfrentava. Decorrência dos conhecidos perfeccionismo e disciplina germânica. Ali também estão guardados os veículos de Fórmula 1 que tiveram motores produzidos pela “Casa do Touro” (carinhosos apelido da LAMBORGHINI), como por exemplo, o Lola Larousse de 1989, o Lotus de 1990 e a Minardi de 1993. Outras curiosidades são os motores náuticos da empresa, que, nas palavras dela própria, serve para mostrar que a LAMBORGHINI consegue ser rápida também na água. A entrada para o museu custa cerca de €13.
A Marca 
Ferruccio Lamborghini nasceu no dia 28 de abril de 1916. Era do signo de touro, daí usar o animal como símbolo de sua marca de carros esportivos. O animal está presente, não somente, no logotipo da marca LAMBORGHINI, assim como batiza os modelos produzidos pela montadora desde a década de 60, com o lançamento do MIURA. Depois vieram o DIABLO, MURCIÉLAGO, GALLARDO, AVENTADOR, todos com o temperamento do animal bravio.


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