sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Hugo Boss


 
A famosa marca foi fundada em 1924, após o fim da Primeira Guerra Mundial, na cidade de Metzingen, localizada nas montanhas da Suábia no sul da Alemanha, pelo alfaiate vienense Hugo Ferdinand Boss, como uma pequena loja de roupas que comercializava uniformes, macacões, vestimenta para trabalhadores e fardas militares. Enquanto o país enfrentava uma difícil crise econômica, a empresa crescia. Rapidamente a pequena empresa se tornou especialista em uniformes e capas de chuva e logo a loja teve que ser transformada em uma pequena fábrica para atender a crescente demanda. Apesar de vislumbrar um futuro promissor, sete anos depois a empresa paralisou suas atividades devido à instabilidade econômica que se vivia no país durante o período de pós-guerra. Mesmo ameaçado constantemente pela bancarrota e várias dificuldades financeiras, o fundador não desistiu do seu ganha-pão e reviveu o negócio em 1931, altura em que se associou ao partido Nazista. A partir de 1933, e devido à popularidade crescente de Adolf Hitler, começou a confeccionar os uniformes militares do Terceiro Reich, em especial os da temida SS.
Para garantir sua produção, ele recorreu à mão de obra quase escrava de franceses, poloneses e dos deportados para os campos de concentração. O negócio nunca esteve tão próspero. Após sua morte, em 1948, a empresa, então dirigida por seu genro, entrou em um período de obscuridade, isto porque após a guerra, a demanda por uniformes ficou escassa. A saída encontrada pela fábrica foi apostar na moda masculina. Nascia assim, em 1953, o terno HUGO BOSS, que conquistou os homens de negócios por suas linhas limpas, por trazer um tecido mais leve do que o usado comumente na Alemanha e um desenho mais jovem. Foi a combinação justa e balanceada da dita austeridade alemã para criar roupas que transmitiam por suas fibras e tramas a seriedade de quem as usava. Em 1967, dois netos de Hugo, Uwe e Jochen Holy, assumiram o controle da empresa e passaram a focar definitivamente os negócios somente em moda masculina. A época não poderia ser melhor: surgiram com o nascimento dos primeiros trabalhadores compulsivos e ambiciosos (conhecidos pela expressão em inglês, workaholics) e logo viria uma geração inteira para vesti-los, os yuppies do fim dos anos 70 e década de 80.
Em 1970, a empresa lançou a BOSS, linha de prêt-à-porter que tinha como alvo os jovens empresários com grandes potenciais de crescimento. Com tecido importado da Itália, seus ternos atraíam os compradores não apenas pelo corte impecável, mas pelos blazeres de ombros estreitos e abotoamento duplo, moda na época. O sonho de ampliar a notoriedade da marca se tornou possível em 1972, quando a HUGO BOSS passou a patrocinar equipes da Fórmula 1 e atletas de tênis e golfe, conquistando assim uma enorme exposição mundial. Foi nesta década, em 1976, que a marca HUGO BOSS foi lançada no mercado americano, um passo importante para o crescimento de suas vendas. Apesar de não terem impressionado de imediato, o êxito dos ternos da grife estava garantida, principalmente quando começaram a ser vestidos por estrelas como Sylvester Stallone e Michael Jackson, o tenista Bjorn Borg, sem esquecer a dupla de detetives da famosa série de televisão “Miami Vice”.
O auge da marca ocorreu na década de 80, altura em que a HUGO BOSS iniciou a produção de linhas de produtos mais econômicas, mas igualmente atrativas. A expansão continuou em 1984 com o licenciamento de fragrâncias e, no ano seguinte, com a abertura de seu capital na Bolsa de Valores. Em 1998, o terno “feminino” entrou no dicionário da HUGO BOSS. As coleções para as mulheres seguiam o padrão masculino de peças com corte limpo e muitas vezes reto e geométrico, sem grandes ornamentos, acessórios, decotes ou curvas. A sofisticação estava na simplicidade e no uso de materiais que davam o toque final as roupa. O fim da era yuppie e a nova modéstia da década de 90 trouxeram para a marca um novo período: foram criadas linhas casuais (BOSS ORANGE), esportivas (BOSS GREEN) e uma high end, que apresentava somente roupas de alta qualidade (BOSS SELECTION). A HUGO BOSS foi uma das primeiras marcas a se desmembrar em outros nomes para atender melhor o público. Na época isso causou certo estranhamento, mas hoje a idéia é seguida por diversas marcas e grifes do mundo inteiro.
Em 1991 foi lançado o primeiro produto licenciado. A coleção também foi ampliada, passando a produzir linha de camisas, gravatas, suéteres e jaquetas de pele. Nesta época, a empresa foi adquirida pelo grupo italiano Marzotto (hoje, Valentino Fashion Group) que, além da marca principal BOSS – dedicada às linhas e coleções mais clássicas – lançou mais duas segmentações: HUGO, voltada às criações e coleções mais jovens, e BALDESSARINI, linha de luxo mais independente. Além das roupas, cosméticos, óculos e perfumes também passaram a fazer parte do catálogo da marca alemã. Depois de quase uma década de uma enorme reestruturação, a HUGO BOSS recuperou seu prestígio e sofisticação de anos passados e voltou a ditar tendência na moda mundial. Resultado, 2010 foi para a marca alemã o ano de maior êxito financeiro em toda a sua história.

O Passado Nebuloso

Sinônimo de elegância e luxo, a HUGO BOSS é um produto “Made in Germany” altamente respeitado no mundo da moda. No entanto, a tradicional marca alemã carrega um passado de envolvimento nazista. Hugo Ferdinand Boss teve uma relação muito estreita com o nazismo. Em 1931 se filiou ao Partido Nacional-Socialista (NSDAP), de Adolf Hitler. Antes e durante a Segunda Guerra Mundial, a empresa desenhou e produziu uniformes de tropas e oficiais da Wehrmacht e SS. Além disso, a empresa foi acusada de usar mão-de-obra forçada, onde os trabalhadores tinham uma carga diária de 12 horas, com um curto período de intervalo. O empresário, após o término da guerra, foi tachado de “oportunista do Terceiro Reich“, multado em 80 mil marcos, e privado de seus direitos civis. “A fábrica de roupas fundada pelo senhor Hugo Boss produziu roupas de trabalho e achamos que também uniformes da SS. Até agora, nós não temos arquivos na companhia e nós estamos tentando descobrir o que aconteceu“, declarou Monika Steilen, porta-voz da empresa, em 1997, quando a notícia foi divulgada por uma revista austríaca.

 O Esporte
 
Não é só na moda que a HUGO BOSS mostra-se ativa. Ao longo da sua existência, a grife patrocinou diversas modalidades esportivas, como a Fórmula 1 (vestiu a equipe da McLaren dentro e fora das pistas em 1981), golfe (patrocinou e vestiu o jogador Bernhard Langer em 1985), tênis (patrocinou a Copa Davis em 1985), esqui e boxe. A marca tem também um importante papel no mundo artístico através do Prêmio Hugo Boss (
Hugo Boss Art Prize). Em parceria com o Museu Guggenheim, desde 1995 o prêmio valoriza os artistas modernos. A premiação é feita a cada dois anos. A HUGO BOSS também mantém parceria com o pavilhão alemão da Bienal de Veneza desde 2003.


A Marca no Mundo

Os produtos da HUGO BOSS, como coleções de roupas, óculos, perfumes, sapatos e relógios, divididos em três sub-marcas principais, estão disponíveis em 124 países através de 1.500 lojas da grife (somadas as unidades próprias, franqueadas e parcerias) e em mais de 5 mil lojas de departamento e multimarcas. Aproximadamente 62% de suas vendas são geradas no continente Europeu, com a América respondendo por outros 22%. A linha BOSS BLACK corresponde a 68% do faturamento da empresa alemã. Os produtos da marca são fabricados em vários locais, como por exemplo, em Izmir na Turquia (sua fábrica mais importante); Radom na Polônia (sapatos); Morrovalle na Itália (sapatos e artigos de couro); Cleveland nos Estados Unidos (ternos); e Metzingen na Alemanha.

Grey Goose

Na maioria dos casos, quando um novo produto é lançado no mercado, ele tem que conquistar clientes e se tornar desejado pelos consumidores, ou seja, criar uma demanda. Aqueles produtos que chegam para atender a um determinado público são minoria. E a vodka GREY GOOSE faz parte desse seleto grupo. A história da marca começou em 1997 quando a mente brilhante do empreendedor americano Sidney Frank, um bilionário excêntrico, resolveu introduzir uma marca de vodca na categoria super premium. A GREY GOOSE, primeira marca de vodca francesa, foi desenvolvida especialmente para o mercado norte-americano, ávido por destilados de qualidade Premium (superior). Começou a ser produzida e engarrafada na região de Cognac na França. Elaborada com os melhores grãos franceses (trigo 100% puro), vindos da região de La Beauce e água mineral naturalmente filtrada da fonte de Genté localizada em Cognac. Cinco etapas contínuas de destilação eram responsáveis por fazer da GREY GOOSE uma vodca mais aveludada, de aroma complexo e refinado, com visual transparente e brilhante. Tudo sob o olhar crítico François Thibault, “mâitre de chai” (mestre de adega) da GREY GOOSE, até a bebida atingir seu ponto ideal e um sabor perfeito.
Tanto cuidado concedia a GREY GOOSE um paladar exclusivo que remetia ao delicado doce de amêndoas francesas, suntuoso e suave, amanteigado e encorpado, que derretia na boca e deixava uma lembrança duradoura. Outro ponto marcante para o rápido sucesso da marca era sua sofisticada garrafa feita em vidro fosco e com grande diferenciação das existentes no mercado, como por exemplo, sua tampa com rolha. O nome “Grey Goose” foi escolhido porque os gansos cinzas são presença constante na região de Cognac, onde regularmente são vistos bebendo água em uma fonte em frente ao Hôtel de Ville. A vodca chegou ao mercado americano com o preço de US$ 30 a garrafa de 750 ml. O preço elevado em relação às demais marcas ajudou a criar uma percepção de qualidade ao produto. E pouco depois de ser lançada no mercado a vodca ganhou reputação pela sua alta qualidade e conquistou vários prêmios internacionais. Chegou a atingir 96 pontos no “World Spirits Championship”, o máximo já conquistado por uma vodca nessa competição, uma das mais prestigiosas do mundo. A marca também se tornou um sucesso no mercado americano em particular graças à garotos-propaganda como George Clooney e Brad Pitt.
Tanto sucesso acabou despertando a atenção da empresa Bacardi-Martini, que em 2004 pagou U$ 2.2 bilhões pela marca. Foi a maior quantia desembolsada por uma única marca de bebida alcoólica em toda a história. Em janeiro de 2005 a Bacardi-Martini trouxe a marca para mercado brasileiro, se destacando por inserir uma tendência pouco vista por aqui, a apreciação da vodca pura. Nos últimos anos a marca introduziu no mercado novas embalagens como as garrafas de 50 ml, 375 ml, 1000 ml, e 1750 ml, além de novas variações da vodca com sabores como L’Orange (laranja), introduzida em 2000; Le Citron (limão), introduzida em 2002; La Vanille (baunilha) introduzida em 2003; e La Poire (pêra), introduzida em 2007. Também iniciou o lançamento de edições especiais e limitadas, como as 100 garrafas que foram desenhadas pela Emporio Armani e vendidas exclusivamente para a loja da marca em Berlin, e para as comemorações de fim de ano composta por uma garrafa de sua puríssima vodca super premium, uma taça martini de cristal Strauss, personalizada pela GREY GOOSE, um livreto contendo receitas de deliciosos coquetéis e uma linda caixa de couro azul.
Recentemente, em 2010, A vodca francesa lançou uma edição limitada criada pela marca de luxo suíça Chopard. A garrafa tinha desenhos diferentes e vinha embalada dentro de uma gaiola feita com fios de prata entrelaçados, apresentando como adorno um ganso de cristal fosco sobre um globo brilhante e reluzente. O mais legal dessa edição, batizada de “Magnum Grey Goose Vodka by Chopard”, era a exclusividade: somente 10 peças foram comercializadas ao preço de US$ 815.
A marca no mundo Atualmente a marca é comercializada em mais de 100 países, estando presente nos restaurantes e festas mais exclusivas do mundo, podendo ser degustada em deliciosos coquetéis como o tradicional Cosmopolitan, variações de Martini ou pura, servida gelada, ideal para sentir seu perfeito sabor. Atualmente a marca vende mais de 20 milhões de litros por ano.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Bugatti

Ettore Bugatti nasceu em 1881 na famosa cidade italiana de Milão. Sim, o senhor Ettore era italiano, apesar de construir sua vida e sua famosa empresa na França. Nasceu em um ambiente que seria decisivo para seu futuro: uma família de artistas. Embora tivesse nascido também com aquela indefinida característica genética que causa o entusiasmo pelo automóvel, o meio artístico em que nasceu e foi criado teria uma profunda influência em sua vida. O pai de Ettore, Carlo Bugatti, é até hoje famoso por sua mobília artística. Desde garoto, apresentou aptidão para a mecânica. Aos 18 anos abandonou a Escola de Belas Artes de Milão, para desgosto do pai, e foi contratado como aprendiz na empresa Prinetti & Stucci, em sua cidade natal. Lá participou de seu primeiro projeto automobilístico, um triciclo motorizado. A partir daí ele passou rapidamente por várias empresas, até que fixou residência na cidade de Molsheim, na Alsácia francesa, onde conseguiu financiamento para desenhar o primeiro BUGATTI em 1908: o tipo 10.
No ano seguinte ele fundou oficialmente sua fábrica de automóveis. Desde o começo mostrou um senso de estética e proporção que impressionam até os dias de hoje. Todos os componentes de seus veículos deviam, antes de funcionar bem, ter uma aparência impecável. Os motores sempre foram construídos em perfeitas formas geométricas, sem que nenhuma parte visível ficasse sem acabamento. Carros de competição se tornariam seu forte, visto que Ettore logo descobriu que os pilotos pagavam qualquer coisa por um veículo competitivo e veloz. E, dotados de pára-lamas e pára-choques, esses modelos de competição se tornavam excelentes carros de passeio para os mais abastados. Um dos carros mais conhecidos de Ettore foi o imortal modelo T35 (Tipo 35), sua primeira obra-prima e um dos automóveis de proporções mais perfeitas já criados. Suas magníficas rodas de alumínio ficavam fora da carroceria, uma delicada e minimalista criação que escondia completamente seus componentes mecânicos e culminava com o hoje famoso radiador em forma de ferradura. E não era só belo: equipado com um motor de oito cilindros em linha, pela primeira vez na marca, contava com comando no cabeçote e três válvulas por cilindro, que girava extremamente alto para sua época.
O modelo 35 teve longa carreira, de 1924 até 1931. Durante esses anos, 600 unidades foram construídas, venceu mais de 2.000 corridas (considerado o maior vencedor de corridas de todos os tempos), tendo feito sua estréia no GP da França de 1924. Foi o transporte preferido dos playboys abastados dos anos 20 (Isadora Duncan morreu em um deles, quando seu cachecol se prendeu a roda em movimento) e transformou a BUGATTI numa marca respeitada, admirada e desejada. Não foi por acaso que no dia 1 de maio de 1925 o senhor Ettore registrou o slogan “Le Pur Sangre Des Automobiles” (“O puro sangue dos automóveis”) para seus preciosos carros.
Seus carros são realmente ótimos, Monsieur Bugatti, mas para um verdadeiro gentleman, somente os Rolls-Royce são adequados”. Quando ouviu essa afirmação em uma reunião social em meados desta década, Ettore não ficou revoltado como era de se esperar. Uma pessoa obviamente inteligente ele logo começou a pensar nos motivos que levaram aquela linda jovem bem nascida a dizer tal coisa. Os Rolls-Royce, apesar de tecnicamente inferiores aos carros do senhor Ettore, tinham já naquela época qualidade e confiabilidade incrível. Carros enormes, relativamente velozes e caríssimos, eram a escolha preferida da nobreza européia, e, portanto a jovem não deixava de ter razão. Ettore resolveu então que não aceitaria passivamente essa situação. Discussões inúteis não valeriam a pena: Ettore iria construir sua resposta. O resultado foi o tipo 41 “La Royale” ou, como é mais conhecido, o BUGATTI ROYALE.
O modelo carregava uma mascote paquidérmica (um elefante de bronze feito por Rembrandt, irmão mais novo de Ettore), no radiador por um bom motivo: era um carro gigantesco. Media 4,32 metros de entre eixos, pesava mais de três toneladas e custava o equivalente a três modelos Rolls-Royce Phantom II. Nenhuma de suas peças recebia banho de cromo. Ettore achava que tal metal era vulgar demais para os carros, substituindo-o por banhos de prata. Um dos carros mais lendários já criados, por seu glorioso exagero nas proporções, o modelo conseguiu duas coisas: elevar a BUGATTI à um patamar acima da Rolls-Royce, como pretendido, e apontar à empresa uma direção que a levaria, em última instância, à falência. Em 1927, um ano após a apresentação do Royale, que se tornou um divisor de águas dentro da empresa, a BUGATTI inaugurava seu departamento próprio de carrocerias, onde seu filho Jean criaria obras nunca antes vistas. O Royale provou ser um modelo difícil para vender, situação que piorou com a quebra da Bolsa de Valores de Nova York em 1929 e a conseqüente crise econômica.
Apenas seis carros foram criados em seis anos, de 1926 a 1931, mas três ficariam por décadas com a família Bugatti. O primeiro a ser vendido (chassi 41111) foi o lendário roadster encomendado pelo milionário francês Armand Esders.
Os Bugatti Royale raramente são postos à venda. Como são carros famosos, historicamente importantes e raríssimos (apenas seis existem), quando alguém resolve vender um, casas de leilão se entusiasmam, fortunas estremecem e todos esperam o momento em que uma quantidade exorbitante de dinheiro trocará de mãos. Na última vez em que isso ocorreu, em um leilão no Royal Albert Hall em 1987, o colecionador americano Miles Collier vendeu seu Royale para o sueco Hans Thulin por quase US$ 8 milhões, o valor mais alto pago por um carro até hoje.
Em 1931, Ettore já havia deixado a operação da fábrica sob a responsabilidade de seu filho Jean, então com apenas 22 anos. Quando uma greve estourou em 1936, Ettore, um homem que dirigia sua empresa como um senhor feudal, ficou extremamente abalado, a ponto de abandonar Molsheim e se exilar em Paris, onde passou a se concentrar no lucrativo negócio de trens. Os trens BUGATTI são uma história a parte: eram vagões integrados à locomotiva, altamente aerodinâmicos e propelidos por uma combinação de dois ou quatro motores de oito cilindros em linha do modelo Royale. Bateram vários recordes de velocidade, mantiveram-se em operação até 1958 e garantiram a sobrevivência da empresa durante a crise dos anos 30.
Enquanto isso, Jean ficou livre para inovar. O modelo Tipo 57 é provavelmente o melhor dos clássicos da marca e o mais vendido, 710 unidades. Quando Ettore começou a criar carros, em 1899, Enzo Ferrari era um menino. William Lyons, da Jaguar, só criaria seu primeiro esportivo no final dos anos 30, quando a BUGATTI já era uma marca de tradição. Mas em comum com esses dois pioneiros, uma infeliz história: todos criaram filhos com a intenção de torná-los seus sucessores. E, tragicamente, todos os três perderam esses filhos antes que pudessem fazê-lo de modo completo. Jean Bugatti morreu em 1939, com apenas 30 anos de idade, em um acidente ao testar uma versão de seu clássico tipo 57SC. Ettore nunca se recuperou dessa dor. Em 1947, morreu aos 66 anos.
A BUGATTI fechou as portas em 1951, efetivamente sem direção. Os outros herdeiros de Ettore (Roland e as duas filhas, L’Ébé e Lidia) tentaram continuar a fábrica, criando o tipo 101 (um modelo 57 modificado), de 1951, e o 251 de competição, em 1956, com motor central-traseiro, mas sem êxito. Durante este período, diversos investidores tentaram salvar a tradicional montadora, mas sem efeito, a BUGATTI continuou a produzir somente peças para aviões. Depois de muitos altos e baixos, a marca passou para o controle do italiano Romano Artioli em 1987, com uma nova fábrica sendo construída em Campogalliano, perto de Modena, onde foram montadas várias unidades do modelo EB 110, uma obra dos designers da Lamborghini, Paolo Stanzani e Marcello Gandini, apresentado ao público oficialmente em 1991. Mas a aventura durou pouco e logo a empresa entrou em falência.
Em 1998 os direitos sobre a BUGATTI foram adquiridos pelo Grupo Volkswagen, que inicialmente apostou na criação de protótipos. Mas, para delírio dos fãs, os dirigentes da montadora alemã confirmaram, durante o Salão do Automóvel de Genebra, que o superesportivo BUGATTI EB 16-4 VEYRON chegaria ao mercado em 2003. O novo modelo era um super-bólido equipado com motor de 16 cilindros em W, com 1.001 CV (mesma potência de 12 carros populares), atingindo uma velocidade máxima de 407.5 km/h. Para agüentar a potência do motor o veículo era equipado com um câmbio de sete marchas e duas embreagens. O modelo entrou em produção em 2005, e teve sua primeira unidade entregue no ano seguinte. A BUGATTI que durante décadas construiu os carros mais fascinantes de todos os tempos renascia sob o controle da Volkswagen, 90 anos depois de Ettore Bugatti ter apresentado seu primeiro modelo em Molsheim na Alsácia. Recentemente a BUGATTI iniciou a produção da versão targa do Veyron, um conversível com teto rígido batizado de BUGATTI VEYRON GRAND SPORT, um modelo ultra exclusivo com tiragem de apenas 150 exemplares, sendo que 50 delas destinadas a clientes vips da marca francesa. O modelo além do teto rígido de policarbonato transparente e que pode ser retirado, conta com um “estepe”, já que depois de retirado, o teto rígido não pode ser transportado no carro. Trata-se de uma segunda cobertura de lona, que serve pra proteger os ocupantes em caso de chuva. Um detalhe, o superesportivo com o teto no lugar poderá atingir a mesma velocidade máxima do Veyron fechado, de 407 km/h. A marca já anunciou que um sedã esportivo, batizado de Galibier, será produzido em série muito em breve.

A Força

 
Desde que a primeira unidade foi oficialmente entregue em 2006, o
BUGATTI VEYRON foi considerado pela a revista americana Forbes o carro mais caro do mundo (para adquirir um modelo é preciso desembolsar mais de US$ 2 milhões). E um dos mais velozes (só para fazer uma comparação, em 15 segundos o modelo deixaria a Ferrari F2005, pilotada na época por Schumacher comendo poeira, já que ela não teria mais marcha pra continuar a disputa). Rapidamente o modelo, que supera os 407 km/h de velocidade final, se transformou em sonho de consumo de muita gente, mas que poucos um dia na vida terão o prazer de guiá-lo. Não satisfeita, recentemente a montadora apresentou a nova versão SUPER SPORT do super-esportivo. A montadora revelou que os 1.001 cavalos de potência da versão original ficaram bem para trás. A nova versão, apresentada em 2010, tem mais de 1.200 cavalos de potência, capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em 2.4 segundos e atingir velocidade máxima de 431 km/h. Para conter toda esta potência, a BUGATTI também melhorou o sistema de freios, o qual é capaz de frear mais rápido do que acelera, precisando de apenas 2.2 segundos em uma frenagem de 100 a 0 km/h (o atual Bugatti Veyron precisa de 10 segundos para frenagem de 400 a 0 km/h). Além disso, as nove grades de titânio, que ajudam o carro a esfriar, foram desenhadas para evitar que pássaros fiquem presos e causem acidentes. No dia 7 de maio de 2009, a montadora anunciou que foi entregue o BUGATTI VEYRON de número 200 para um cliente do Oriente Médio. Recentemente, a marca anunciou que vendeu o último dos 300 exemplares do Veyron, a última unidade derradeira deve ficar pronta apenas em 2012 e será entregue a um milionário desconhecido na Europa. A BUGATTI continuará produzindo apenas a versão conversível, apresentada pela primeira vez em 2008.
Para que possa atender aquele restrito público de consumidores cheios da grana, a marca divulgou recentemente três de suas novas versões do conversível BUGATTI VEYRON GRAND SPORT 16.4, Equipado com motor 16,4 litros, com 16 cilindros em W (junção de dois V8). O principal diferencial são as cores da carroceria. O destaque é a combinação de amarelo e preto, tema usado inclusive nos bancos em couro amarelo e costura preta. O console central é em fibra de carbono preta, enquanto o painel do volante e câmbio são revestidos em couro preto com costura amarela. A edição especial custa nada menos que €1.58 milhões. Outra opção apresentada foi a combinação de azul carbono com alumínio polido, com belas rodas em alumínio polido e dois tons de acabamento, e mais, com belas grades frontais e entradas de ar em alumínio e acabamento espelhado. A terceira opção apresenta uma cor inferior no tom de tangerina e apenas porta, console central, painel e painel de instrumentos do volante são revestidos em couro azul escuro e fibra de carbono azul, com costura tangerina no volante e na alavanca de câmbio. E quando se achava que o Veyron não ganharia mais edições exclusivas eis que surge a marca com uma novidade. Trata-se da versão L’Or Blanc (ouro branco, em francês), que se destaca por substituir a tinta que reveste o metal e a fibra da carroceria por pigmentação à base de porcelana. O preço da novidade condiz com sua peculiaridade: €1.65 milhões.

Exclusividade

Uma jóia de engenharia do quilate de um BUGATTI não tem uma produção simples. Tudo é feito artesanalmente, o que justifica os milhões de euros que custa uma obra-prima desta. Ao encomendar o carro hoje, o comprador só o receberá em aproximadamente um ano e meio. Depois de cinco meses da encomenda, deve-se ir à sede da marca, em Molsheim na França, para escolher os materiais de acabamento. Por fim, na entrega, o privilegiado novo proprietário passa por um treinamento com o piloto oficial da BUGATTI, o francês Pierre Henri Raphanel, para aprender a domar a fera. A marca dispõe também de cinco técnicos, responsáveis por pequenos grupos de clientes. São como padrinhos. Cada proprietário tem o seu à disposição. Além disso, a empresa monitora o tempo todo o carro. Se algum problema ocorrer o cliente será atendido na hora.

Design

Nos últimos anos a tradicional marca começou a espalhar seu DNA de design por outras áreas, como por exemplo, roupas, perfumes (cujo desenho do vidro lembra as linhas contemporâneas do Veyron 16.4), linha de cosméticos, miniaturas de automóveis, acessórios como chaveiros, malas de couro, bonés, carteiras e até guarda-chuva.

A Marca no Mundo

A empresa, localizada em Molsheim Château St. Jean, próximo a Estrasburgo, tem produção extremamente limitada, no máximo 50 carros por ano, que são vendidos em mais de 80 países do mundo. De acordo com a marca, 30% das vendas de seus veículos estão nas Américas, 30% na Europa e 30% no Oriente Médio. Hoje existem no mundo aproximadamente 300 unidades da nova geração do BUGATTI rodando ou repousando em luxuosas garagens.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Zippo

A marca surgiu em 1932, na cidade de Bradford, estado americano da Pensilvânia, quando George G. Blaisdell decidiu investir seus últimos dólares para criar um isqueiro elegante e fácil de usar. Obteve os direitos de um isqueiro à prova de vento austríaco chamado Binga, que vinha com uma tampa e não se apagava com o vento, e o reprojetou de acordo com suas próprias especificações. Fez o corpo retangular de metal, prendeu a tampa ao corpo com uma dobradiça soldada e colocou uma proteção ao redor do pavio de pano, embebido por fluído inflamável. Quando acesa, a chama dificilmente apagava com o vento (windproof), pois o sistema da invenção se assemelhava a uma lamparina. Uma invenção simples, porém bastante útil. O produto inicialmente se chamaria Clic-Clac, pois cada vez que fosse utilizado para acender um cigarro, deveria ser aberto. Mas esse nome já havia sido registrado. Então, fascinado por outra invenção da época, o zíper (em inglês zipper, usado para se referir ao chamado zip fastener, ou fecho rápido), batizou seu isqueiro de ZIPPO e o lançou em 1933 ao preço de US$ 1.95, valor absurdamente alto para a época, e com uma garantia ilimitada.
Essa garantia, conhecida como Lifetime Guarantee, que acompanha todos os isqueiros da marca, ainda garante: “ou o isqueiro funciona, ou o consertamos de graça” (“It Works or we fix it free”). Ou seja, se um isqueiro ZIPPO quebrar, não interessa o quão velho ele seja, ou quantos donos já teve, a empresa irá substituí-lo ou repará-lo gratuitamente. A única parte do ZIPPO que não é coberta pela garantia é o acabamento na parte externa da capa metálica. A primeira patente para os isqueiros seria registrada no dia 3 de março do ano seguinte sob o número 2032695. O primeiro logotipo corporativo em um ZIPPO foi colocado em 500 isqueiros no ano de 1936 para a refinaria Kendall. Era o início do isqueiro como mídia. A invenção de Blaisdell tornou-se extremamente importante durante a Segunda Guerra Mundial, onde se transformou em equipamento básico das forças americanas, que levaram milhares de isqueiros para o campo de batalha.
Os isqueiros tiveram grande importância no conflito em virtude de sua durabilidade e pela grande facilidade de acendê-lo durante as batalhas, já que as chamas resistiam ao vento. Os isqueiros foram usados para acender cigarros, esquentar sopas nos capacetes ou simplesmente abrir caminho no meio da escuridão. Foi na Segunda Guerra Mundial que nasceu a superstição de que não se deve jamais acender três cigarros com a mesma chama. Isto porque a triangulação do movimento permitia que o inimigo localizasse, com precisão, o último que havia acendido o cigarro. Foi quando a ZIPPO desenvolveu um modelo de metal escovado para evitar o reflexo e proteger os soldados. Depois da Segunda Guerra Mundial, os isqueiros da marca se firmaram como uma mídia popular para propagandas de pequenas e grandes empresas durante a década de 60. Muitas das primeiras propagandas foram pintadas a mão. Mas a verdadeira explosão da marca ocorreu com a associação do produto ao cigarro que começou no cinema. Nos anos 50, galãs como James Dean e Humphrey Bogart faziam charme e pose de mal com um ZIPPO nas mãos. Ao longo de sua história os isqueiros ZIPPO já apareceram em mais de 1.500 filmes, peças e shows de TV, dentre eles Pulp Fiction, Charlie’s Angels e Uma Noite no Museu. Você encontrará um ZIPPO até em Resident Evil. Isto talvez explique porque de cada 100 pessoas 98 conheçam a marca. Os isqueiros ZIPPO voltarem à cena na Guerra do Vietnã, quando sua popularidade novamente cresceu no mundo inteiro.
A empresa celebrou a produção do isqueiro número 400.000.000 exatamente no dia 3 de setembro de 2003. Para comemorar seus 75 anos de história em 2007, a ZIPPO criou um hotsite, que consistia em uma série de histórias vivenciadas por consumidores da marca e seus isqueiros. Convidados pela marca para compartilharem suas aventuras, as histórias contadas eram divididas em cinco categorias: Americana – histórias na terra do Tio Sam, de costa a costa; Military – histórias do isqueiro favorito dos militares; On The Road – histórias relacionadas a viagens; Believe It or Not – histórias onde os usuários decidem se realmente aconteceram ou não; e The Zippo Moment – um brinde aos consumidores que acenderam seus isqueiros pelo bom e velho “rock and roll”. A ação fez parte da campanha “Todo Zippo conta uma história” (“Every Zippo Lighter Tells a History”).
A partir de 2010 a marca iniciou o aumento de seu portfólio com o lançamento de linhas de relógios e canetas. Em 2011, com uma significante queda nas vendas nos últimos dez anos, combinada com a pressão por porte dos governos em relação ao tabagismo, a ZIPPO resolveu adotar uma estratégia mais ampla de extensão de marca e assim reverter essa situação. Com isso, a marca que se tornou um símbolo do estilo americano por seus famosos isqueiros, lançou uma nova linha de produtos: ZIPPO FRAGRANCES, que explora em seus perfumes o conceito e a criatividade da marca, reconhecida por desenvolver produtos de design, que vão além de sua real finalidade, para se tornar um acessório de estilo, uma peça de coleção. Para este lançamento o marketing não foi deixado de lado: o frasco de 30 mililitros é envolto pela caixa metálica igual à do isqueiro, disponível em quatro cores (prata, rosa, azul e verde). Além disso, a abertura do perfume também possui o mesmo mecanismo e o famoso “click” do isqueiro, assim como o sistema de refil. Exatamente no dia 5 de junho de 2012, a empresa fabricou seu isqueiro de número 500 milhões. A embalagem de bronze do isqueiro, pintada de amarelo, foi carimbada com a hora em que foi produzido: 10:51 da manhã. Os executivos da empresa manipularam o ritmo da produção para garantirem que este marco histórico coincidisse justamente com o aniversário de Blaisdell, falecido em 1978.
 
Os Colecionadores
 
O clube de colecionadores de isqueiros da marca ZIPPO, conhecido como ZIPPO CLICK, só passou a ser oficialmente reconhecido e patrocinado pela empresa em 2002. O nome do clube derivou do som que o isqueiro produz ao ser aberto. O clube possui aproximadamente 15 mil membros registrados em mais de 60 países. Atualmente existem 15 clubes de colecionadores ao redor do mundo: cinco nos Estados Unidos, dois na Inglaterra e um na Áustria, Canadá, Dinamarca, Itália, Japão, África do Sul, Suíça e Holanda. Para ter uma ideia da importância destes ávidos fãs para a marca, aproximadamente 21% das pessoas que possuem isqueiros ZIPPO são colecionadores. Hoje em dia, calcula-se que existam aproximadamente 5 milhões de colecionadores de ZIPPO espalhados pelo mundo.
 
O Museu

A marca possui um museu (ZIPPO/CASE VISITORS CENTER) localizado em sua sede mundial na cidade de Bradford. Inaugurado no dia 6 de junho de 1994, em comemoração aos 50 anos da marca, é possível, através de uma visita guiada, conhecer o universo da marca ZIPPO. O visitante terá acesso a mais de 200 isqueiros e canivetes, muitos deles históricos, vídeos antigos e atuais que contam a história da marca e da empresa, comerciais históricos, a “oficina” onde são reparados os isqueiros, a linha de produção e uma enorme loja repleta de produtos da marca. O primeiro ZIPPO produzido está exposto no museu com uma carta escrita à mão pelo próprio George G. Blaisdell. As sinalizações e faróis da avenida que dão acesso ao museu são decorados com as formas e chamas do tradicional isqueiro. A fachada central do museu é um enorme isqueiro ZIPPO.
 
O Marketing
 
O primeiro anúncio publicitário da marca surgiu em dezembro de 1937, publicado na irreverente revista masculina Esquire. Com ele, também surgiu um ícone da marca ZIPPO: The Windy Varga Girl (uma mulher acendendo seu cigarro ao vento com um isqueiro ZIPPO). A imagem da “garota Zippo”, criada pelo famoso ilustrador Enoch Bolles, apareceu em inúmeros anúncios da marca nas décadas de 30 e 40, além de ser estampada no próprio isqueiro entre 1938 e 1941. A imagem foi reintroduzida em 1982, em comemoração ao aniversário de 50 anos da marca.
Outra ação marcante da ZIPPO aconteceu na década de 1940. Nesta época, a enorme popularidade dos isqueiros incentivou George Blaisdell a estilizar, em 1947, um Chrysler Saratoga transformando-o no ZippoMobile. O sucesso do veículo foi tão grande, que em uma turnê promocional ele visitou todos os países da União Europeia. Comercialmente falando este negócio foi fabuloso, porém seu gerenciamento preocupante – fato que ocasionou a quebra do veículo, caindo no esquecimento, sendo abandonado e perdido. Em 1982 a empresa lançou uma campanha para encontrar o “ZippoMobile” para comemorar o 50 º aniversário da marca. A campanha para tentar rastrear o veículo perdido foi tão longe que souberam de notícias do carro em Pittsburgh (sua última localização). Mas a busca foi em vão. O carro original não pôde ser encontrado e restaurado como previsto, e em 1998 a empresa criou o ZippoMobile II, uma réplica fiel do veículo original, que pode ser encontrada em eventos de carros antigos nos dias de hoje. O novo automóvel é revestido com ouro de 24 quilates. O motor é um Chevrolet V8 de 250 HP. As chamas do isqueiro têm cinco metros de altura e removível, já as rodas têm 17 centímetros de diâmetro. O novo veículo apareceu pela primeira vez na International Swap Zippo/Case Meet.
 
A Marca no Mundo 
 
Ao longo de sua história a marca ZIPPO modificou bastante seu logotipo. Em 1957 a frase “Windproof Lighter” foi retirada do logotipo e somente em 1977 a tradicional chama vermelha foi introduzida acima da letra “i”, em substituição ao pingo.
A gama de acessórios, isqueiros e mais recentemente perfumes com a marca ZIPPO é vendida em mais de 120 países ao redor do mundo. A empresa já produziu mais de 500 milhões de isqueiros desde sua fundação, vendendo 12 milhões de unidades por ano. Um ZIPPO pode custar de US$ 13 a mais de US$ 3.000 dependendo da raridade e dos materiais utilizados em sua fabricação. Em 2007 um isqueiro de 1933 foi vendido por US$ 37 mil.
 

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Louis Vuitton


A saga da tradicional marca francesa tem suas origens em uma pequena aldeia remota na região de Jura, próximo à fronteira com a Suíça. Louis Vuitton nasceu em 1821 nos seios de uma família pobre de moleiros e carpinteiros. Aos 14 anos, ele resolve viajar, a pé (400 km), para Paris com o objetivo de aprender durante uma jornada de dois anos como trabalhar com madeira. Depois, o jovem Vuitton foi contratado como aprendiz de um fabricante de baús de viagem (antigas malas) que era usado pela alta sociedade em suas mudanças e deslocamentos. O jovem rapaz trabalhou muito para criar algo diferente, que fosse além de útil, prático e bonito. O conceito de aliar beleza e praticidade foi pioneiro na época. O destino extraordinário de Louis Vuitton começou a mudar em 1851 quando para cada viagem do imperador francês Napoleão III, ele era trazido ao belíssimo Palais des Tuilleries para embalar as bagagens da imperatriz Eugênia. A partir daí, sua sorte mudou e o jovem começou a colher os frutos de tanto trabalho e pesquisa.
Em 1854 ele resolveu fundar a MAISON LOUIS VUITTON MALLETIER na Rua Neuve-des-Capucines, no centro da capital francesa, próximo à famosa Place Vendôme. A sua grande primeira ideia foi criar um tecido altamente resistente e revestido (uma lona encerada impermeável, criando assim o conceito de malas “a prova d’água”), que iria substituir o couro. Um golpe de gênio: utilizar um material menos restritivo do que a pele natural e com melhor cheiro, já que as malas de couro da época eram famosas pelo mau cheiro. Além disso, ele revestiu os cantos dos baús com ponteiras de metal, tornando-os mais resistentes. E mesmo depois de aberta a oficina, ele ainda produzia por encomenda produtos exclusivos e únicos para os abastados da época, como um baú que virava cama, criado para atender a uma solicitação de um explorador europeu; outro baú que virava charrete, para um viajante muito especial; e ainda, um baú flutuante para os praticantes de balonismo que volta e meia caíam no mar. No ano seguinte, a Maison transferiu a oficina e a residência familiar para a pequena e charmosa cidade de Asnières-sur-Seine, localizada cerca de oito quilômetros de Paris. Desta forma, a produção estaria mais próxima dos fornecedores da madeira que servia de estrutura para as malas. Além disso, a empresa se aproveitaria do transporte fluvial para o escoamento de sua produção de uma forma mais eficaz.
Pouco tempo depois, em 1858, ele criou as primeiras “malles plates”, um novo formato de baú (com tampa reta, diferentemente do utilizado na época, com tampa abaulada para permitir o escoamento da água da chuva, leve e à prova d’água), que facilitava a arrumação nos porões dos navios e o empilhamento nos trens, e o revestiu com sua assinatura em cinza. Tudo para atender às madames da época que viajavam de navio e precisavam de uma mala que pudesse ao mesmo tempo transportar de tudo e com muita classe. O material utilizado era sempre o mesmo: madeira, zinco, cobre e lonas impermeáveis. A ferramenta: seu apuro artesanal que cativou muitos ricos e nobres da época. Com o crescimento da empresa e a divulgação da marca ao redor do mundo, Georges Vuitton, filho de Louis, uniu-se ao pai a partir de 1870 para a abertura de novas lojas fora de seu país de origem, que aconteceria somente quinze anos depois.
Em 1876, a empresa teve que tomar sua primeira atitude em relação às imitações, mudando sua já famosa lona cinza do modelo Trianon para as listras beges e marrons. O posicionamento da marca em relação à viagem era tal que foram criados produtos sob encomenda para esse fim: a “mala-cama”, em 1879; a “mala-secretária”; a mala de sapatos; as famosas caixas de chapéus; e até reboques de camping. Em 1885 foi aberta a segunda loja em Londres, localizada na badalada Oxford Street e primeira fora da França. Com o passar dos anos seus produtos despertaram inveja e inspiraram inúmeros imitadores. Georges Vuitton herdou o poder criativo do pai e continuou a inovação da marca ao criar, em 1888, como forma de boicotar as imitações, uma nova impressão batizada de “Damier” (que remete a um tabuleiro de jogo de damas) em marrom e bege trazendo a inscrição “marque L. Vuitton déposée”, ou seja, marca registrada Louis Vuitton. Foi em vão. A primeira utilização dos tradicionais monogramas das letras LV, granulados e nas cores marrom e bege, juntamente com símbolos que reproduziam flores, que hoje é a marca registrada da LOUIS VUITTON, aconteceu somente em 1896 quando Georges, filho de Louis, que morreu três anos antes, como mais uma tentativa de diferenciar seus produtos das inúmeras imitações que eram fabricadas na época. Rapidamente, os baús e malas com monogramas da marca caracterizavam as pessoas ricas e de bom gosto nas viagens de trens e navios. E, depois, nas primeiras classes dos aviões. Georges também foi responsável pela criação dos fechos invioláveis que equipavam os produtos.
O The Louis Vuitton Building foi inaugurado em 1914 na cidade de Paris, em um luxuoso endereço na Avenida Champs-Élysées, como a maior loja de produtos para viagem do mundo. Nesse mesmo ano, a empresa ampliou sua atuação internacional com inaugurações de lojas em Nova York, Bombaim, Washington, Londres, Alexandria e Buenos Aires. Em 1936, Georges Vuitton faleceu e, novamente, a empresa foi passada para o descendente direto da família, seu filho Gaston-Louis Vuitton. Sedento pela descoberta de novos materiais, ele dedicou-se com afinco ao seu objetivo, e em 1959, criou um tecido impermeável mais maleável à base de linho, algodão e PVC, utilizado como matéria-prima nos modelos de bolsas até os dias de hoje. Em 1977, Henry Recamier, genro da matriarca Renée Vuitton, assumiu o comando da empresa e iniciou a verticalização dos negócios. A empresa, então com apenas duas lojas próprias, alcançou vendas de US$ 12 milhões e lucro de US$ 1.2 milhões. Em 1978, a primeira loja no Japão foi inaugurada e no início da década seguinte a expansão asiática chegou à Taiwan e a Coréia do Sul.
Até meados dos anos 80, a LOUIS VUITTON parecia fadada a vender bolsas clássicas para um público pequeno, porém muito fiel. Em 1987, o magnata francês Bernard Arnault comprou a grife da família Vuitton e, com ela, ergueu os pilares do grupo LVMH (Louis Vuitton Moët Henessy), maior conglomerado de marcas de luxo do planeta. Em um mundo globalizado, enxergou o potencial que um nome com a tradição da LOUIS VUITTON teria entre um público ansioso por consumir luxo de qualidade. Em 1992, a primeira loja em território chinês foi inaugurada, de olho na enorme população rica e crescente do país, que hoje é indubitavelmente uma grande potência consumista, especialmente no segmento de luxo. Cultuada por esta qualidade, a marca começou a se preocupar em lançar tendências em 1996, quando convocou sete estilistas renomados - Helmut Lang, Azzedine Alaïa, Vivienne Westwood, Isaac Mizrahi, Romeo Gigli, Manolo Blahnik e Sybilla - para reinventar seus acessórios, em uma homenagem aos 100 anos dos famosos anagramas. Mas a injeção de dinheiro não foi suficiente.
Em 1997, Arnault contratou o estilista americano Marc Jacobs para renovar a LV e criar sua primeira coleção de roupas, além de sapatos, relógios e até joias extremamente sofisticadas. Reconhecido nos Estados Unidos por sua modernidade, o estilista americano desembarcou em Paris como um quase desconhecido, mas mostrou a que veio logo na primeira temporada. Transformou as bolsas LV em coqueluche. Disposto a inovar, a célebre combinação do logotipo marrom e amarelo sobre o fundo de couro marrom, dando um ar contemporâneo com símbolos da cultura pop e cores novas, o americano vem convidando nos últimos anos artistas e designers para experiências mais ousadas. Em 2001, Stephen Sprouse emplacou as bolsas grafitadas. Depois vieram os trabalhos em patchwork da artista inglesa Julie Verhoeven, as cores fluorescentes do diretor teatral Bob Wilson e os mangás do desenhista Takashi Murakami. Em outra prova de ousadia, convidou a atriz Jennifer Lopez para ser garota-propaganda da grife francesa, logo ela, que, com seus decotes exagerados e combinações esdrúxulas, já foi eleita uma das mulheres mais mal vestidas de Hollywood. Para o estilista, ela representava uma mulher influente, poderosa e cheia de glamour, do jeito que a cliente LOUIS VUITTON se sente com as criações da marca.
Em 2004, quando comemorou seus 150 anos, a marca francesa inaugurou lojas em São Paulo, Cidade do México, Nova York, Cancun, Joanesburgo e República Dominicana, além da primeira loja global em Xangai na China. Os méritos de Marc Jacobs são reconhecidos por todos. Sob seu comando, a marca cresceu 80%. Há mais de 150 anos a LOUIS VUITTON conserva intacto o seu poder de atração, quer sobre as cabeças coroadas quer sobre as estrelas de Hollywood, de Cary Grant a Marlene Dietrich, de Sharon Stone a Jennifer Lopez. No segmento de malas, produto com o qual a tradicional marca iniciou sua escalada rumo ao sucesso, sua missão continua sendo fazer da viagem uma experiência pessoal e única. Mas sempre mantendo seus valores, que não mudaram desde o ano de sua criação: originalidade, espírito “avant-garde”, qualidade, “saber fazer” e paixão.
Recentemente, Yves Carcelle, um simpático francês que por 22 anos ocupa o cargo de CEO da marca deve desocupar o posto a partir de 2013. O legado dele é inegável. Embora não carregue o sangue Vuitton, ele é responsável pelas principais mudanças por que passou a grife e a transformou de uma produtora local de bolsas em um colosso da moda mundial. Durante sua gestão à frente da LV, ele acertou mais do que errou. A marca passou de 125 lojas para 456. E, nos últimos cinco anos, a produção dobrou. Essa capacidade de despertar desejo – entre celebridades, suas bolsas são quase um uniforme – se deve, em grande parte, a sua gestão eficaz. Em sua cadeira irá sentar-se o espanhol Jordi Constans. Mas estará seu sucessor à altura do desafio?

A Qualidade
 
A marca francesa possui 14 ateliês espalhadas pelo mundo. Uma visita à primeira fábrica da LOUIS VUITTON, localizada em Asniéres, no subúrbio de Paris, dá uma pequena amostra de como esse modelo de sucesso funciona. Construído em 1859, atrás da casa que já abrigou sete gerações da família Vuitton, o imenso galpão foi reformado em 2005. Mas, apesar de ainda ser chamado de oficina e os funcionários de artesões, o clima interno é o mesmo de uma linha de produção, e o sistema adotado igualmente nas outras 13 fábricas ao redor do mundo. Cada unidade tem no máximo 250 funcionários, que trabalham em um esquema inspirado no modelo Toyota de produção. As bolsas LV são fabricadas somente na França, Espanha e Estados Unidos. Não existe LV legítima feita em outros locais.
O processo de produção é de primeira. Os testes para avaliar a resistência dos produtos, por exemplo, são feitos em máquinas de raio ultravioleta a equipamentos que abrem e fecham o zíper das bolsas por até 5.000 vezes. Em vez de um artesão fazer uma bolsa do começo ao fim, como era comum antes, as funções foram divididas. Cada bolsa é feita por um grupo de seis a doze funcionários. Além de tornar mais ágil a produção e ajudar a reduzir os defeitos, o novo modelo permitiu que a LOUIS VUITTON lançasse mais produtos a cada ano (em 2011 foram aproximadamente 70 novos modelos de bolsas). O tempo para a chegada de produtos às lojas também foi reduzido à metade. Para isso, também foi importante a construção de um novo centro logístico. Localizado na cidade de Cergy, a 30 quilômetros de Paris, dali saem os produtos que serão enviados a seis centros regionais de distribuição espalhados pelo mundo. A marca LOUIS VUITTON ostenta o título de campeã de falsificações no mundo. Duas batidas policiais são feitas a cada semana no mundo a pedido da empresa para tentar conter a falsificação de seus produtos.

A Exclusividade

Apesar de possuir mais de 450 lojas espalhadas pelo mundo, a marca nunca perdeu o caráter da exclusividade. No pitoresco vilarejo de Asnières-sur-Seine, a cerca de oito quilômetros de Paris e às margens do rio Sena, uma casa em estilo art nouveau abriga o espírito secular da tradicional marca francesa. Não só porque lá viveram o próprio Louis com a esposa, filhos, netos e bisnetos, mas também porque nos fundos está localizado o ateliê em que são feitas as bolsas e itens mais preciosos da grife, sob medida. O responsável pelo departamento de pedidos especiais (conhecido como “Special Orders”) é Patrick Vuitton, da quarta geração da família, que cresceu entre aquelas roseiras. Esse departamento de aceita pedidos de qualquer lugar do mundo, oferecendo aos clientes (consumidor final ou grandes empresas) realizarem seus desejos mais extravagantes, por preços também pra lá de estratosféricos. De lá saem produtos feitos sob medida, que não integram as coleções da marca, como por exemplo, um estojo com quatro hashis (tradicionais pauzinhos ou palitinhos orientais que servem como talheres), encomendado por uma grande empresa, que presenteou seus clientes vips com o mimo que conta com o tradicional monograma LV gravado na madeira; casas de cachorro e até mesmo roletas de jogo.
A marca controla de perto os 14 ateliês e todas as lojas da marca no mundo. Não existem franquias e nem revendedores. O grau de perfeição exigido é alto e os detalhes são fundamentais no mercado do luxo, assim como o DNA da marca, que se define como o bom e velho artesanato francês. O prestígio é reforçado em várias frentes: a LV nunca faz liquidações, vende muito pouco online (apenas para oito países e somente parte dos produtos) e realiza frequentes parcerias com artistas contemporâneos, como Richard Prince e Takashi Murakami. A mais recente empreitada nesse sentido foi a recente inauguração de uma loja de alta joalheria na parisiense Place Vendôme, o mais nobre endereço dos joalheiros franceses.

As Lojas
 
Visite qualquer uma das mais de 450 lojas da LOUIS VUITTON espalhadas pelo mundo e encontrará exatamente a mesma disposição na vitrine principal. Cada mês, exatamente no mesmo dia, o visual é alterado conforme o manual global de montagem de vitrines da marca. O grupo LVHM coloca toda sua ênfase no aspecto visual da marca LOUIS VUITTON, gastando anualmente aproximadamente €250 milhões em suas lojas. Tudo é cuidadosamente controlado, da maçaneta das portas à textura das paredes, o impecável chão de mármore italiano e às embalagens que guardarão suas preciosidades. Os balcões são feitos em bronze, com tampos de cristal “clear”, usado nas mais luxuosas joalherias do mundo. E até o controle de iluminação é minuciosamente projetado. Uma equipe, com cerca de 30 arquitetos, é responsável por criar as novas lojas da grife francesa. De suas mais de 450 lojas no mundo, 50 delas são consideradas “global stores”, como são chamadas as lojas que oferecem a linha completa de produtos da marca (composta por mais de 1.200 itens).
A principal loja da marca é a Louis Vuitton Champs-Élysées, situada em uma das avenidas mais cobiçadas de Paris, e instalada em um prédio da década de 30, considerado patrimônio histórico da França. A loja também abriga uma sofisticada galeria dedicada à arte contemporânea e à cultura. As outras lojas, invariavelmente ponto de referência em arquitetura e design, estão localizadas nas principais cidades cosmopolitas do mundo como Nova York, Milão, Londres, São Paulo, São Francisco, Los Angeles, Miami, Toronto, Vancouver, Praga, Madrid, Barcelona, Lisboa, Cannes, Lyon, Marselha, Berlin, Munique, Hong Kong, Dublin, Roma, Tóquio, Kuala Lumpur, Amsterdã, Cingapura, Zurique, Genebra, Dubai e Abu Dhabi, entre outras.
Em 2010, a empresa decidiu abrir a mais moderna e luxuosa loja da grife no mundo, localizada na badalada New Bond Street em Londres. Para a missão de conceber a loja mais suntuosa da LOUIS VUITTON no mundo, o escolhido foi o arquiteto americano Peter Marino, que seguiu o conceito de Maison, ou seja, cada cômodo faz com que o cliente se sinta confortável como se estivesse em uma mansão residencial. Sob a direção criativa de Marc Jacobs, o espaço de 1.529 m² e três andares é também uma ode à arte cultural. Obras de artistas influentes da “new school” como Takashi Murakami, Jeff Koons, Basquiat, Damien Hirst e Richard Prince marcam presença na loja-conceito. Uma escada de vidro atravessa o edifício de alto a baixo, com luzes do tipo LED que mudam de cor. Uma parede de 10 metros de um lado expõe baús e malas, criações que fizeram a fama da marca antes que ela expandisse seu território para outros artigos de luxo. Muitas peças estão suspensas no ar por cabos, como se fossem obras de arte. Além disso, a loja abriga uma livraria que vende edições limitadas de trabalhos encomendados a artistas como Anish Kapoor. Outro espaço apresenta um “bar de bolsas”, em que os acessórios rodam, enquanto os clientes aguardam sentados em banquinhos de couro vermelho. No piso do nível da rua, as prateleiras são folheadas com titânio dourado. O cuidado na execução de cada detalhe só realça a apresentação das peças da marca, cujo logotipo aparece em metal polido na redoma de acessórios, uma das áreas circulares da loja. No terceiro andar, um apartamento recebe somente clientes VIPs, devidamente convidados pela Maison. Para eles, são criadas peças exclusivas que mais tarde vão aparecer em algum tapete vermelho ou evento promovido por socialites. O ambiente é suntuoso, com sofás, mesas e paredes cobertas de couro branco. Isso e todos os outros detalhes fazem da loja mais do que uma experiência de consumo para poucos. É o lugar perfeito para colecionadores que querem apenas o que existe de melhor e de mais raro e um paraíso para os que amam as criações da marca.

Marketing
 
Em sua comunicação a marca utiliza duas ferramentas principais: relações públicas e publicidade. A primeira baseia-se no mecenato cultural e esportivo. Ou seja, é o patrocínio ou a criação e desenvolvimento de atividades de cultura ou esporte. No setor cultural, criou em 1985, a “Fondation Louis Vuitton”, que tem como objetivo divulgar artistas dos séculos XX e XXI, assim como clássicos de séculos anteriores no arquivo permanente. No esporte, desenvolveu em 1983 uma famosa competição de regatas que leva o seu nome (LOUIS VUITTON CUP). Em relação à publicidade a marca sempre soube que o glamour de Jennifer Lopez e Scarlett Johanssen não cativaria todo o público masculino da LOUIS VUITTON. Baseada nisso, a marca francesa contratou em 2007 o ex-presidente russo, Mikhail Gorbachev, para protagonizar uma campanha publicitária de malas de viagem, fotografada pela renomada Annie Leibovitz. Na imagem, repleta de simbolismo, Gorbachev aparece sentado no banco de trás de uma limusine com uma mala LOUIS VUITTON ao lado, enquanto contempla, com nostalgia, o que restou do muro de Berlim. A forte imagem era complementada pela frase “A journey brings us face to face with oursekves”. Com esta nova campanha, mais sóbria e realista, a empresa visava atingir ao mercado masculino e a países emergentes como a China e a Rússia. O ex-líder soviético, inicialmente reticente à ideia, aceitou o papel em troca de uma doação da LOUIS VUITTON à sua organização de proteção ao meio ambiente, chamada Green Cross International.
O enorme sucesso da campanha levou a marca a contratar outros garotos-propaganda famosos como os ex-campeões de tênis André Agassi e Steffi Graf; a atriz francesa Catherine Deneuve; a bela Uma Thurman; o guitarrista dos Rolling Stones Keith Richards (que posa com sua guitarra em cima de uma cama em um quarto de hotel onde lenços negros com desenhos de caveiras obscurecem a luz de uma lâmpada decorada com caveiras); o ator Sean Connery (fotografado perto de sua casa nas Bahamas); e a família Coppola.
Em 2008 a marca veiculou pela primeira vez um comercial de televisão. Era um filme de 90 segundos, veiculado em canais selecionados via satélite, a cabo e em cinemas de todo o mundo, que não anunciava um produto específico, mas sim promovia institucionalmente a própria marca e seus valores. Em 2010, a campanha da marca francesa Core Values (em português: Valores Essenciais), mais uma vez buscou na ousadia da fotógrafa Annie Leibovitz seu principal atributo: trazia Pelé, Zidane e Maradona disputando uma partida de pebolim com a frase “três grandes jornadas, um jogo histórico”.

A Marca no Mundo
 
A marca tem atualmente 456 lojas exclusivas e 14 oficinas de produção, emprega aproximadamente 31.000 pessoas (das quais 6.000 artesões) e está presente em mais de 75 países ao redor do mundo. Para se ter ideia do poder da marca, cerca de 37% do faturamento do Grupo LVMH (que possui marcas como Fendi, Moët et Chandon, e Christian Dior, entre outras) provém dos produtos da LOUIS VUITTON. A metrópole com maior número de lojas da marca é Nova York, que em sua área metropolitana concentra 17 unidades, seguida por Tóquio com 12 lojas.
Segundo a consultoria britânica Interbrand, somente a marca LOUIS VUITTON está avaliada em US$ 23.172 bilhões, ocupando a posição de número 18 no ranking das marcas mais valiosas do mundo.