A
famosa marca foi fundada em 1924, após o fim da Primeira Guerra
Mundial, na cidade de Metzingen, localizada nas montanhas da Suábia
no sul da Alemanha, pelo alfaiate vienense Hugo Ferdinand Boss, como
uma pequena loja de roupas que comercializava uniformes, macacões,
vestimenta para trabalhadores e fardas militares. Enquanto o país
enfrentava uma difícil crise econômica, a empresa crescia.
Rapidamente a pequena empresa se tornou especialista em uniformes e
capas de chuva e logo a loja teve que ser transformada em uma pequena
fábrica para atender a crescente demanda. Apesar de vislumbrar um
futuro promissor, sete anos depois a empresa paralisou suas
atividades devido à instabilidade econômica que se vivia no país
durante o período de pós-guerra. Mesmo ameaçado constantemente
pela bancarrota e várias dificuldades financeiras, o fundador não
desistiu do seu ganha-pão e reviveu o negócio em 1931, altura em
que se associou ao partido Nazista. A partir de 1933, e devido à
popularidade crescente de Adolf Hitler, começou a confeccionar os
uniformes militares do Terceiro Reich, em especial os da temida SS.
Para
garantir sua produção, ele recorreu à mão de obra quase escrava
de franceses, poloneses e dos deportados para os campos de
concentração. O negócio nunca esteve tão próspero. Após sua
morte, em 1948, a empresa, então dirigida por seu genro, entrou em
um período de obscuridade, isto porque após a guerra, a demanda por
uniformes ficou escassa. A saída encontrada pela fábrica foi
apostar na moda masculina. Nascia assim, em 1953, o terno HUGO BOSS,
que conquistou os homens de negócios por suas linhas limpas, por
trazer um tecido mais leve do que o usado comumente na Alemanha e um
desenho mais jovem. Foi a combinação justa e balanceada da dita
austeridade alemã para criar roupas que transmitiam por suas fibras
e tramas a seriedade de quem as usava. Em 1967, dois netos de Hugo,
Uwe e Jochen Holy, assumiram o controle da empresa e passaram a focar
definitivamente os negócios somente em moda masculina. A época não
poderia ser melhor: surgiram com o nascimento dos primeiros
trabalhadores compulsivos e ambiciosos (conhecidos pela expressão em
inglês, workaholics) e logo viria uma geração inteira para
vesti-los, os yuppies do fim dos anos 70 e década de 80.
Em
1970, a empresa lançou a BOSS, linha de prêt-à-porter que tinha
como alvo os jovens empresários com grandes potenciais de
crescimento. Com tecido importado da Itália, seus ternos atraíam os
compradores não apenas pelo corte impecável, mas pelos blazeres de
ombros estreitos e abotoamento duplo, moda na época. O sonho de
ampliar a notoriedade da marca se tornou possível em 1972, quando a
HUGO BOSS passou a patrocinar equipes da Fórmula 1 e atletas de
tênis e golfe, conquistando assim uma enorme exposição mundial.
Foi nesta década, em 1976, que a marca HUGO BOSS foi lançada no
mercado americano, um passo importante para o crescimento de suas
vendas. Apesar de não terem impressionado de imediato, o êxito dos
ternos da grife estava garantida, principalmente quando começaram a
ser vestidos por estrelas como Sylvester Stallone e Michael Jackson,
o tenista Bjorn Borg, sem esquecer a dupla de detetives da famosa
série de televisão “Miami Vice”.
O
auge da marca ocorreu na década de 80, altura em que a HUGO BOSS
iniciou a produção de linhas de produtos mais econômicas, mas
igualmente atrativas. A expansão continuou em 1984 com o
licenciamento de fragrâncias e, no ano seguinte, com a abertura de
seu capital na Bolsa de Valores. Em 1998, o terno “feminino”
entrou no dicionário da HUGO BOSS. As coleções para as mulheres
seguiam o padrão masculino de peças com corte limpo e muitas vezes
reto e geométrico, sem grandes ornamentos, acessórios, decotes ou
curvas. A sofisticação estava na simplicidade e no uso de materiais
que davam o toque final as roupa. O fim da era yuppie e a nova
modéstia da década de 90 trouxeram para a marca um novo período:
foram criadas linhas casuais (BOSS ORANGE), esportivas (BOSS GREEN) e
uma high end, que apresentava somente roupas de alta qualidade (BOSS
SELECTION). A HUGO BOSS foi uma das primeiras marcas a se desmembrar
em outros nomes para atender melhor o público. Na época isso causou
certo estranhamento, mas hoje a idéia é seguida por diversas marcas
e grifes do mundo inteiro.
Em
1991 foi lançado o primeiro produto licenciado. A coleção também
foi ampliada, passando a produzir linha de camisas, gravatas,
suéteres e jaquetas de pele. Nesta época, a empresa foi adquirida
pelo grupo italiano Marzotto (hoje, Valentino Fashion Group) que,
além da marca principal BOSS – dedicada às linhas e coleções
mais clássicas – lançou mais duas segmentações: HUGO, voltada
às criações e coleções mais jovens, e BALDESSARINI, linha de
luxo mais independente. Além das roupas, cosméticos, óculos e
perfumes também passaram a fazer parte do catálogo da marca alemã.
Depois de quase uma década de uma enorme reestruturação, a HUGO
BOSS recuperou seu prestígio e sofisticação de anos passados e
voltou a ditar tendência na moda mundial. Resultado, 2010 foi para a
marca alemã o ano de maior êxito financeiro em toda a sua história.
O Passado Nebuloso
Sinônimo de elegância e luxo, a HUGO BOSS é um produto “Made in Germany” altamente respeitado no mundo da moda. No entanto, a tradicional marca alemã carrega um passado de envolvimento nazista. Hugo Ferdinand Boss teve uma relação muito estreita com o nazismo. Em 1931 se filiou ao Partido Nacional-Socialista (NSDAP), de Adolf Hitler. Antes e durante a Segunda Guerra Mundial, a empresa desenhou e produziu uniformes de tropas e oficiais da Wehrmacht e SS. Além disso, a empresa foi acusada de usar mão-de-obra forçada, onde os trabalhadores tinham uma carga diária de 12 horas, com um curto período de intervalo. O empresário, após o término da guerra, foi tachado de “oportunista do Terceiro Reich“, multado em 80 mil marcos, e privado de seus direitos civis. “A fábrica de roupas fundada pelo senhor Hugo Boss produziu roupas de trabalho e achamos que também uniformes da SS. Até agora, nós não temos arquivos na companhia e nós estamos tentando descobrir o que aconteceu“, declarou Monika Steilen, porta-voz da empresa, em 1997, quando a notícia foi divulgada por uma revista austríaca.
O Esporte
Não é só na moda que a HUGO BOSS mostra-se ativa. Ao longo da sua existência, a grife patrocinou diversas modalidades esportivas, como a Fórmula 1 (vestiu a equipe da McLaren dentro e fora das pistas em 1981), golfe (patrocinou e vestiu o jogador Bernhard Langer em 1985), tênis (patrocinou a Copa Davis em 1985), esqui e boxe. A marca tem também um importante papel no mundo artístico através do Prêmio Hugo Boss (Hugo Boss Art Prize). Em parceria com o Museu Guggenheim, desde 1995 o prêmio valoriza os artistas modernos. A premiação é feita a cada dois anos. A HUGO BOSS também mantém parceria com o pavilhão alemão da Bienal de Veneza desde 2003.
A Marca no Mundo
Os produtos da HUGO BOSS, como coleções de roupas, óculos, perfumes, sapatos e relógios, divididos em três sub-marcas principais, estão disponíveis em 124 países através de 1.500 lojas da grife (somadas as unidades próprias, franqueadas e parcerias) e em mais de 5 mil lojas de departamento e multimarcas. Aproximadamente 62% de suas vendas são geradas no continente Europeu, com a América respondendo por outros 22%. A linha BOSS BLACK corresponde a 68% do faturamento da empresa alemã. Os produtos da marca são fabricados em vários locais, como por exemplo, em Izmir na Turquia (sua fábrica mais importante); Radom na Polônia (sapatos); Morrovalle na Itália (sapatos e artigos de couro); Cleveland nos Estados Unidos (ternos); e Metzingen na Alemanha.
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